Thursday, January 28, 2010

Cryptor Morbious Family - Próximos capítulos da Hypnotic Way To Hurt Tour

O metal industrial dos grandolenses Cryptor Morbious Family continuará a percorrer o país nos próximos meses, tendo confirmadas oito datas até Junho próximo. O grande pretexto é o segundo álbum da banda, “Hypnotic Way To Hurt”, lançado no Verão passado. Assim sendo esta sequência de espectáculos arranca no dia 5 de Fevereiro no Arcadia Rock Bar, em Faro, e termina a 6 de Junho no Trigas Alternative Fest, a ter lugar em Beja, passando ainda por sítios como Portimão, Aljustrel, Sintra, Elvas, Grândola e Santo André. Mais informações aqui.

Wednesday, January 27, 2010

Entrevista Aspera

[PRECOCE]MENTE PROGRESSIVA
"Temos a preocupação de não nos “afundarmos” no meio de tanta banda de qualidade"

Chamar-lhes os Hanson do metal progressivo seria cair no ridículo e insultuoso perante as capacidades interpretativas e técnicas destes músicos e os próprios pergaminhos de um estilo minoritário e de exigente morfologia, mas verdade é que pelo potencial precoce que demonstram antevê-se-lhes um futuro imediato e auspicioso. “Ripples” é o disco de estreia destes cinco músicos noruegueses de 20 anos que já se podem orgulhar de ter sido banda suporte de Tarja Turunen e ter assinado pelo maior selo discográfico da especialidade, a Inside Out. Com os pés bem assentes na terra e uma ambição legítima, o guitarrista Robin Ognedal explica-nos como em plena adolescência “borbulha” um trabalho tão consistente.

Deixe-me adivinhar: os Illusion foram criados durante uma aborrecida aula de matemática?
[risos] Na verdade, tudo começou quando eu e o Joachim tocávamos numa banda de death metal. Num certo dia fomos a um concerto dos Pagan’s Mind na nossa cidade e foi aí que sentimos que tínhamos que criar uma banda progressiva. Pouco depois o Nicko entrou e conhecemos o Atle e o Rein na escola onde estudámos música. Por isso, “infelizmente”, não há nenhuma história na origem dos Illusion relacionada com aulas de matemática!

Essa banda de death metal de que falou ainda existe?
Não, acabou assim que criámos os Illusion. O Joachim e eu éramos os únicos elementos que levavam a sério essa banda, por isso chegámos à conclusão de que seria melhor encontrar novos companheiros com a mesma ambição que nós.

Mais recentemente assumiram a designação Aspera. Uma mera questão “estética”?
A razão porque mudámos de nome prendeu-se com o lançamento do nosso álbum de estreia. Já existem muitas bandas com o nome Illusion…

Atrás disse que frequentaram uma escola de música. Como definiria a importância que teve no vosso processo de crescimento enquanto executantes?
Diria, sem dúvidas, que essa escola teve uma enorme influência em todos na banda. Ela ajudou-nos a abrir horizontes. Aprendemos muita teoria musical que, no fundo, é imprescindível para quem quer criar música progressiva. Essa experiência que tivemos abriu-nos também os olhos em relação a muitos outros estilos musicais, os quais, estou certo, nos tornaram mais versáteis.

São daquele tipo de músicos que passa o dia todo a tocar?
Sim, passamos muito tempo a praticar, o que acho muito positivo uma vez que já não vivemos na mesma cidade e normalmente só ensaiamos aos fins-de-semana.

É um sinal de responsabilidade também. De facto, apesar da vossa tenra idade, já têm que pensar como adultos e profissionais para alcançarem bons resultados…
Sim, os Aspera implicam grande responsabilidade bem como, supostamente, qualquer banda que queira passar da garagem para os palcos e lançar um disco internacionalmente. Vejo muitas bandas locais com enorme potencial mas que, provavelmente, nunca vão sair da garagem, pois pensam que tudo lhes vai “bater à porta”. Existem muitos aspectos administrativos inerentes a uma banda, para além de ter-se que praticar, o que pode ser aborrecido, mas necessário. Nós temos bem presente que é preciso dar o máximo para as coisas realmente resultarem.

Esta é, sem dúvida, uma maneira sensata e consciente de encarar a gestão de uma banda. Tiveram, por exemplo, que insistir no factor “burocrático” para chegar a um contrato com a Inside Out?
Obrigado pelas palavras. Na verdade, devemos o facto de estarmos no catálogo da Inside Out à nossa manager, Manuela Froelich. Foi ela quem lhes mandou a promo e eles gostaram imenso. Contudo, numa primeira abordagem não nos assinaram, pois não lhes era suportável na altura, mas assim que surgiu a oportunidade eles entraram em contacto e propuseram-nos um lançamento para Janeiro deste ano. Penso e espero que eles nos tenham assinado por acreditarem na nossa música! Contudo, mesmo tendo um manager e uma editora, há muito trabalho que temos que fazer para além de tocar e ensaiar. Aliás, muito mais do que podíamos imaginar! Mas o esforço compensa completamente.

E que tipo de trabalho é este, concretamente?
Agendar concertos, desenhar e encomendar merchandise, flyers, posters, responder a entrevistas, contactar a imprensa, sobretudo a norueguesa, para fazer a cobertura das nossas actividades, etc. Mas agora que temos uma editora muitas coisas deixaram de estar nas nossas mãos e assim ficamos com mais tempo para dedicar à nossa música, o que é muito agradável.

Pelo nome, terá a vossa manager alguma ligação com Portugal?
[risos] Não, que eu saiba. Ela é alemã, mas vive em Londres. Manuela é também um nome alemão…

Mesmo assim têm outras “ligações” com Portugal. No seu caso, aponta o Nuno Bettencourt como uma grande influência…
Sim, ele é simplesmente fantástico! Gosto imenso da maneira como funde funk com rock’n’roll.

Recentemente ele regressou com os Extreme. Teve oportunidade de os ver ao vivo?
Não, infelizmente. Na verdade não sou grande admirador do novo material dos Extreme, mas teria sido fantástico ouvir ao vivo alguns dos seus clássicos.

Como já disse algures, é algo bizarro todos os elementos dos Aspera terem nascido no último quarto de 1989. Isto torna a tarefa de trabalharem em conjunto mais fácil uma vez que poderão ter uma forma comum de pensar?
Sim… É estranho, três de nós nasceram até com diferença de duas semanas. A grande vantagem de sermos todos da mesma idade é que estamos todos no mesmo estágio de vida. Ninguém ainda constituiu família, logo todos ainda têm a oportunidade de investir muito tempo e esforço na banda.

E quando se der a situação de terem que abandonar a escola, por exemplo, para partir numa extensa digressão?
No meu caso, não estou na escola. Passo os dias a tocar e a dar concertos em pubs aos fins-de-semana. Mas os que ainda frequentam a escola têm a oportunidade de se afastar dela durante largos períodos, estudando por si próprios. Isso não será um problema.

Costumam trabalhar mais em conjunto ou existe um compositor principal na banda?
Na maior parte das vezes trabalhamos como um colectivo. O procedimento mais frequente é alguém sair-se com uma ideia para um riff ou uma sequência de acordes e em conjunto trabalhamo-la. Dessa forma conseguimos extrair o melhor de cada um e aplicá-lo nos nossos temas. Cinco mentes são, obviamente, mais criativas do que uma!

Escrever um álbum como o “Ripples” foi muito demorado? Qual terá sido o maior desafio que se vos interpôs?
Sim, demorou muito tempo até estar concluído, mas, surpreendentemente, o nosso maior desafio foi o processo de gravação. Foi a partir daí que começámos a pensar: “Devemos fazer desta ou daquela forma”? Existem milhares de maneiras de fazer as coisas e na altura de decidir ficámos sem saber qual a melhor. Para além de que estar horas a fio sentado num estúdio é muito cansativo.

Realmente parece-me impressionante o facto de terem até gravado o vosso álbum de estreia. Não nos estamos a referir a uma mera pré-produção, o que exige com que percebam realmente do assunto…
Não, não fizemos apenas pré-produção, embora a tenhamos feito também por nossa conta. Foi preciso bastante tempo e trabalho árduo para captarmos o “Ripples” mas o facto de estarmos a gravar nos nossos estúdios deu-nos a oportunidade de trabalhar sem pressões de calendário. Assim foi possível experimentar muitas coisas com o que há disponível num estúdio hoje em dia. Claro que isso também nos deu muita experiência acerca de como operar num estúdio e estou certo que da próxima vez o processo vai ser muito mais rápido.

São totalmente autodidactas na questão de trabalhar em estúdio?
Sim, eu adquiri material de estúdio muito antes da gravação do “Ripples”. Portanto, há já algum tempo que andamos a experimentar coisas e a ler sobre o assunto em vários sites. Contudo, tivemos a ajuda de um amigo nosso que é engenheiro de som para captar a bateria.

Que sentimento é intrínseco nas letras de “Ripples”?
O lema principal é o de que cada acção tem uma consequência, tanto num plano pessoal como global, mas este não é um disco conceptual. De resto, é difícil descrever mais detalhadamente o assunto dos temas.

Embora, naturalmente, tenham o vosso próprio mérito e valor, o facto de terem sido “apadrinhados” por vultos como a Tarja Turunen ou o Nils K. Rue foi importante até que ponto para a vossa projecção como banda?
Os concertos que demos com a Tarja em Espanha deu-nos muitos fãs e fez-nos ver que temos mercado fora do nosso país. Quanto ao pessoal dos Pagan’s Mind têm sido extremamente gentis connosco. Têm-nos dado bons conselhos em relação ao showbiz e emprestaram-nos até equipamento para a gravação e o Nils gravou segundas vozes no nosso disco de estreia. Portanto, temos muito que os agradecer! Eles são muito porreiros tanto como pessoas e como banda.

Quais podem ser as principais preocupações a curto-prazo para uma banda tão jovem de músicos ainda mais jovens?
Penso que o facto de sermos jovens não nos traz preocupações acrescidas. Aliás, isso até tem-se mostrado positivo. Todavia, claro que temos a preocupação de não nos “afundarmos” no meio de tanta banda de qualidade que por aí existe. Acredito que temos algo fresco para oferecer dentro do género, por isso, vamos ficar a fazer figas!

Nuno Costa

Tuesday, January 26, 2010

Mono - Epicidade oriental em palcos nacionais

Pós-rock experimental, influenciado pelos ambientes dos Mogwai, é o que se pode esperar dos japoneses Mono nos dois concertos que realizarão em Portugal nos dias 9 e 10 de Março no Musicbox, em Lisboa, e no Serralves, no Porto, respectivamente. Na forja, a banda traz o disco “Hymn To The Immortal Wind”, gravado em 2009 com uma orquestra de câmara composta por 28 músicos e que acabou por ser considerado um dos discos do ano neste género musical. A abrir o espectáculo da banda em Lisboa estarão os setubalenses Löbo que lançaram recentemente “Alma”. Os bilhetes para Lisboa estão já à venda nos locais habituais ao preço de 16€.

Blacksunrise - Ao vivo no Porto Rio

Depois de terem anunciado o seu fim em 2008 e regressado cerca de um ano depois, os Blacksunrise continuarão o seu périplo pelos palcos portugueses como uma data agendada para o dia 20 de Fevereiro. O espectáculo decorrerá no Porto-Rio, no Porto, pelas 20h00. Para já não é conhecido se haverão mais em cartaz.

Replica / Mind Overflow / No Tribe - Ao vivo

Os Replica, Mind Overflow e No Tribe actuam no Transmission Bar, em Lisboa, na próxima sexta-feira [29 de Janeiro] pelas 21h00. O bilhete custa 5€.

Stream - Álbum de estreia chega em Fevereiro

Os pop/rockers açorianos Stream editam o seu primeiro álbum, “Follow The Stream”, no dia 25 de Fevereiro pela Nine Media Records. Depois de terem alcançado alguma projecção além-fronteiras com o single “Another Story”, o grupo aposta forte num longa-duração captado e misturado novamente por Ivo Magalhães nos IM Studios, no Porto, e masterizado por Peter Doell [R.E.M., Celine Dion, Marilyn Manson] dos Universal Music Studios, em Hollywood. A fotografia é da responsabilidade de Rita Carmo da Espanta Espíritos [fotografa do Blitz], o artwork do designer Sérgio Silva da Mister 8 Design e o logótipo da empresa brasileira Moon Propaganda.

Mão Morta - Fundo de catálogo reeditado

Numa altura em que já atingiram os 26 anos de carreira, os Mão Morta vêem o seu fundo de catálogo reeditado pela editora Cobra. Nesta campanha estão disponíveis os primeiros quatro discos da banda, “Mão Morta” [1988], “Corações Felpudos” [1990], “O.D., Rainha do Rock & Crawl” [1991] e “Mutantes S.21” [1992], este último nunca reeditado, enquanto os outros há muito que se encontram esgotados. Estes trabalhos estarão também disponíveis numa edição limitada com o título “Mão Morta 1988-1992” composta por uma caixa com os quatro itens juntos em formato CD. Esta edição já se encontra à venda no site da Cobra pelo preço de 25€ [+ portes]. Nas lojas estará disponível apenas a partir de 10 de Fevereiro.

Monday, January 25, 2010

Açores Underground - Nova emissão online

Está já disponível no Acorestube e Myspace o novo programa Açores Underground. Desta feita o destaque vai para primeiro dia do festival Metalicidio On Stage que decorreu a 9 e 10 de Outubro últimos em Ponta Delgada e teve em cartaz os Pitch Black, W.A.K.O., Desire, Morning Lenore, Nableena, Hatin’ Wheeler, Sanctus Nosferatu e Zymosis.

Scorpions - Dizem adeus

Os Scorpions anunciaram ontem no seu site que “Sting In The Tail” será o último disco da banda e será acompanhado por uma derradeira digressão mundial. Apesar de garantirem que continuam com a mesma motivação que antigamente, o grupo diz que pretende “terminar a extraordinária carreira dos Scorpions em grande”. O 18º disco de originais da banda alemã estará disponível no mercado a 19 de Março, do qual já é possível escutar dois temas no seu site e Myspace. A digressão de despedida dos Scorpions arranca a 15 de Março em Praga e tem já varias datas marcadas até Junho, com maior contingente no seu país [sete espectáculos].

Saturday, January 23, 2010

Catacombe - Álbum de estreia este ano

O projecto de post-metal/rock experimental de Pedro Sobast, Catacombe, promete voltar à carga este ano com o seu álbum de estreia. Segundo comunicado divulgado hoje, este vai ser gravado entre o presente e o próximo mês com Paulo Lopes nos estúdios Soundvision e posteriormente masterizado por James Plotkin [Isis, Earth, Khanate, Pelican] nos Estados Unidos. Este trabalho sucederá ao EP “Memoirs”, de 2008, que arrecadou rasgados elogios da imprensa um pouco por todo o mundo. Entretanto, o responsável pelo projecto garante a presença de mais um elemento na banda ao vivo, Pedro Agra, que será responsável por projecções vídeo.

Friday, January 22, 2010

Deep Purple - Lendas do Rock de regresso a Portugal

Os autores de “Smoke On The Water” vão estar no dia 14 de Julho no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, para um espectáculo onde provavelmente já apresentarão novos temas do sucessor de “Rapture Of The Deep”, de 2005. Os bilhetes já estão à venda nos locais habituais entre 28€ a 32€. O início do espectáculo é às 21h30.

Thursday, January 21, 2010

Bonecrusher Fest - É já para a semana

Avizinha-se um dos espectáculos mais intensos do ano em termos de música mais extrema [e ainda agora o ano começou]. Os The Black Dahlia Murder [E.U.A.], 3 Inches Of Blood [E.U.A.], Necrophobic [Sué], Obscura [Ale], The Faceless [E.U.A.], Carnifex [E.U.A.] e Ingested [R.U.] tomam de assalto o Cine-Teatro Júlio Diniz, no Porto, no dia 28 de Janeiro [próxima quinta-feira] pouco depois das 19h00. Os motivos de interesse são mais que muitos, entre eles a estreia de The Black Dahlia Murder trazendo consigo o novíssimo “Deflorate”. Os bilhetes estão à venda nos locais habituais por 25€. No dia custarão 30€. Estão a ser organizadas excursões do sul [Metalhead Events - 917 800 767], norte [Viagens Metallum - 911 195 557] e de Espanha [Breakpoint - 986 205 588].

Wednesday, January 20, 2010

Seven Stitches - Novo tema já disponível

“Room 1408” é o segundo avanço para o álbum de estreia dos Seven Sticthes, “When The Hunter Becomes The Hunted”, e está disponível em exclusivo na compilação online da publicação luso-brasileira Horns Up em www.hornsup.net. O álbum de estreia da banda alentejana será editado no primeiro trimestre deste ano. Ao vivo poderão vê-los nos dias 13 e 27 de Fevereiro no Thrash Till Death III na Junta de Freguesia de Panoias, em Braga, e no Festival Velha Guarda no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, respectivamente.

Review

ASPERA
“Ripples”

[CD – Inside Out / Century Media]

Quando se pensa que o metal progressivo pode só estar ao alcance dos graúdos e “nerds” musicais, os Aspera provam que quando se tem talento inato a boa música não escolhe idades. Cinco jovens elementos [todos com 20 anos] oriundos de Skien, na Noruega, [também um sítio com poucas tradições neste género] foram capazes de escrever um disco [de estreia!] de uma maturidade tal capaz de deixar incrédulo qualquer calejado consumidor de música progressiva. Mas não é só de solos ultra-técnicos e compassos compostos que se resume “Ripples”. Aliás, este é um disco que deve quase tanto a Symphony X como a Stratovarius, entre muitas outras influências óbvias do metal melódico e mais trabalhado. Quem também certamente servirá de influência são os seus conterrâneos Pagan’s Mind cujo vocalista Nils K. Rue assegura aqui as segundas vozes.

Com umas cordas vocais impressionantes, capazes de recriar a melodia, alcance e rispidez da voz de Russel Allen, uma guitarra acutilante quer em riffs pesados [com suas encrostadas sete cordas a conferir um som espesso e moderno] e seus leads melódicos sacados com o virtuosismo e sentimento de um Michael Romeo ou mesmo John Petrucci, um baixo muito dinâmico e presente, um teclado frenético e uma bateria inteligentemente detalhada temos aqui uma máquina demolidora. Mas os Aspera não entram em concursos de tecnicismo. Há por aqui muitos momentos directos e focados na magnitude que as suas melodias mais pop podem ter.

Só pelo facto de serem muito jovens, os Aspera mereciam um “Grammy”, mas é imperativo que saibam gerir toda a responsabilidade que lhes há-de advir com a rodagem, ainda mais depois deste álbum, não só pela sua qualidade mas porque há ainda muito a explorar e melhorar. Apesar do admirável poderio técnico da banda e mesmo para escrever bons temas, não são tão eficazes quanto se esperaria para criar verdadeiros hinos. E todas as grandes bandas deste género [e não só] vivem disso. Será muito cedo para lhes exigirmos isso? Com certeza, mas pelo que aqui vemos acreditamos que são perfeitamente capazes de mais já numa segunda "ronda" e embora muito jovens já devem ser tratados como homenzinhos. [8/10] N.C.

Estilo: Metal Progressivo

Discografia:
- “Ripples” [CD 2010]

Metalhead Events - Inscrições para excursão ao Bonecrusher Fest terminam esta sexta

A Metalhead Events está a organizar uma excursão no dia 28 de Janeiro de Sete Rios, em Lisboa, para o Porto onde decorrerá o Bonecrusher Fest no Cine-Teatro Júlio Diniz. A partida é às 12h00 e o regresso é logo após os concertos. A viagem com bilhete incluído custa 52€ e sem bilhete 27€. A organizadora alerta, no entanto, para a urgência da confirmação [até sexta-feira] por parte dos interessados de forma a definir a viabilidade da excursão. Mais informações através de metalhead.events@gmail.com.

Tuesday, January 19, 2010

The Casualties - Apresentam "We Are All We Have" este sábado em Almada

É já este sábado [23 de Janeiro] que os norte-americanos The Casualties regressam a Portugal para uma actuação no Revolver Bar, em Cacilhas, a partir das 21h00. A acompanhar um dos maiores ícones mundiais do street punk estarão os nacionais Pussy Hole Treatment, Albert Fish e Simbiose. Os bilhetes custam 12€ [venda antecipada] e 15€ [venda no dia]. Reservas e informação através de infected_records@yahoo.com.

Monday, January 18, 2010

Review

COLDFEAR
“Decadence In The Heart Of Man”

[EP – Edição de autor]

Thrash/death metal melódico. Só por aí podíamos reservar-nos a poucas palavras de tanto que o estilo já deu e do pouco [ou nada] que já se espera que venha a dar. Mas não deve ser essa a posição de quem, apesar de perceber que o mercado está criativamente “seco” e desequilibrado na relação quantidade/qualidade, deve continuar a apoiar a “cena”, principalmente as jovens bandas que merecem uma oportunidade.

Obstando-nos a um presumível pessimismo, digamos que apesar de apreenderem toda a essência do death/thrash metal melódico de bandas precursoras do género, como os At The Gates, e outras mais modernas, como os Hatesphere, juntando a isso alguns tiques metalcore, os Coldfear destacam-se pela garra, competência técnica e vontade de se exprimirem. Nesta situação certamente os próprios estarão cientes de que a sua música não traz nada de novo a esse “pote” musical e daí ser obrigatório ter os pés bem assentes na terra quanto às expectativas que possam ter. Por outro lado, o meio que os circunda tem de ser devidamente complacente e não os engolir numa primeira abordagem, até porque esta é mais uma [muita] jovem banda de Metal a lançar o seu primeiro trabalho a sério.

Fica para a posteridade nestes 21 minutos de música, produzidos a condizer pelo inevitável Daniel Cardoso, uma força interessante, por vezes eruptiva como em “Creators Of Blinded Evolution”, e uma consistência técnica muito aceitável que nos faz crer que a banda tem tudo para poder explorar a sua criatividade no futuro e tentar estabelecer uma identidade. Não será por falta de “ferramentas” que a banda não conseguirá evoluir. Fica assim o benefício da dúvida dado a uma banda que, certamente, resultará em momentos de intenso mosh ao vivo. [6/10] N.C.

Estilo: Death/Thrash Melódico

Discografia:
- “What Lies Beneath” [Demo 2007]
- “Decadence In The Heart Of Man” [EP 2009]

www.myspace.com/coldfearband

Entrevista Oblique Rain

ALVORADA DOS SENTIDOS
"Tenho saudades dos tempos em que criávamos música sem complexos"

Dois anos volvidos e do norte é arremessado a “sequela” muito esperada de “Isohyet” que arrebatou os sentidos de muito amante de música obscura, sensível e progressiva pelo país e não só. E se aos Oblique Rain podia faltar apenas um segundo álbum para confirmar todo o seu potencial, então com “October Dawn” podem finalmente apertar o cinto, instalar-se confortavelmente pois o voo promete ser alto. Este novo trabalho acaba por ser a sequência lógica, ou pelo menos esperada, do seu antecessor, onde algumas arestas foram limadas e a banda atinge assim uma identidade muito mais independente. Foi numa fase de manifesta afirmação que abordámos o vocalista e guitarrista Flávio Silva.

Com “October Dawn” deixaram de ser uma promessa para ser uma certeza. Concorda?
Partindo do princípio que um segundo álbum é sempre como que um marco de afirmação para uma banda, penso que sim. A expectativa era grande depois do lançamento do “Isohyet”, por isso o “October Dawn” era vital para a nossa afirmação, sem dúvida!

Compô-lo rodeado de uma plateia ansiosa acabou por condicionar-vos de alguma forma?
Não penso que nos tenha condicionado. Sentimos foi antes um enorme orgulho pelo que o “Isohyet” atingiu enquanto álbum de estreia. Mas vejamos a coisa por outro prisma: quando criámos e editámos o “Isohyet” não fazíamos a mínima ideia de que iríamos ter tamanha adesão por parte do público. Fizemo-lo porque adoramos música, porque temos uma amizade muito forte entre nós e queríamos tentar fazer música que nós próprios gostássemos de ouvir. No início éramos apenas dois, mas depois a dimensão do projecto foi aumentando, de tal forma que logo após termos criado o nosso Myspace e postado algumas das nossas demos fomos quase “obrigados” a formar uma banda. No fundo tenho saudades desses tempos em que criávamos música sem complexos, naturalmente e penso que esse será o caminho a seguir sempre pelos Oblique Rain, agora com a particularidade de sermos cinco e não apenas dois.

Passaram-se já dois anos desde a edição de “Isohyet”. Este foi um período essencialmente passado a tocar ou sobretudo a compor e a gravar “October Dawn”?
Nós tínhamos consciência do que o “Isohyet” tinha atingido. Éramos apenas uma banda como as outras mas que realmente não estava preparada para a atenção que teve. Devido a este facto e ao tocarmos ao vivo o “Isohyet” percebemos que o nosso set era demasiado curto para que pudessemos ser headliners em qualquer evento de maior dimensão. Senão repare-se: o “Isohyet” tem apenas seis temas executavéis e nós não tendo temas de “20 minutos” não poderíamos oferecer mais do que aquilo que tínhamos. Atendendo a isto, dedicámo-nos à composição, não que fosse uma obrigação, muito pelo contrário, porque a energia gerada durante as gravações do primeiro álbum resultaram em mais demos do que aquilo que talvez tínhamos planeado. Depois foi trabalhá-las e adicionar-lhes mais e novos elementos para que pudéssemos ter um conjunto de temas bem homogéneo a que pudéssemos chamar de álbum.

Então conclui-se que não tocaram tanto quanto desejavam no pós-lançamento de “Isohyet”…
Acho que qualquer banda nunca acha que toca o suficiente. No entanto, penso que todos os objectivos do “Isohyet” foram alcançados. Estou certo de que um dia mais tarde se irá fazer ainda mais justiça ao álbum especial que ele é!

Agora sob o selo de uma editora que se está a afirmar e possui uma equipa experiente, quais são as vossas expectativas ao nível da promoção?
A MLI era indiscutivelmente o nosso objectivo enquanto parceira preferida a alcançar e a promover o nosso trabalho. Foi curioso e deixou-nos muito contentes o facto de eles quererem assinar connosco. Foi mais um objectivo alcançado pelo “Isohyet”! Até agora a promoção tem sido muito maior do que aquela que alguma vez poderíamos fazer pelos nossos próprios meio, basta ver a intensa internacionalização e as reacções muito positivas que o álbum tem tido. Claro que criámos a música mas os “louros” para esse trabalho são praticamente todos da MLI.

A música dos Oblique Rain pressupõe muito planeamento ou é mais um exercício espontâneo de composição?
Sem sombra de dúvida que é um exercício espontâneo de composição. Pelo menos até aqui!

O vosso background como professores de música e engenheiros de som, no caso do Daniel que entretanto saiu, é razão para terem mais facilidade em explorar e registar as vossas ideias?
Talvez… ao nível da composição tentamos não usar os nossos conhecimentos teóricos para tornar o nosso som o mais genuíno possível; enquanto engenheiros de som, todos nós temos mini-estúdios em casa nos quais podemos registar possíveis ideias e todo o material que consideramos bom para Oblique Rain.

Em termos de gravação e produção, imaginam para próxima recorrer a alguém exterior à banda? Trabalhar no estrangeiro seria interessante?
Sem dúvida! O grande objectivo deste álbum é a definitiva internacionalização da banda e queremos um dia poder trabalhar com alguém conceituado para fazer crescer ainda mais o projecto. Pode não ser já no próximo álbum mas é mesmo esse um dos objectivos a atingir!

A entrada do Marcelo deu-se já depois de “October Dawn” estar gravado? Que critérios estiveram na base do seu recrutamento?
Depois da saída do Daniel tivemos a preocupação de colmatar a sua ausência com alguém que tivesse as mesmas capacidades técnicas e fosse de fácil integração na banda. No caso, o Marcelo é um autêntico prodígio como baterista. Penso que um dia será um dos melhores portugueses de sempre!

Então deduz-se que não houve dificuldades de adaptação…
De modo algum! Quem em apenas três ensaios executa na perfeição todos os temas dos nossos dois discos não se lhe poderá imputar qualquer dificuldade de adaptação!

Como encararam a decisão do Daniel abandonar a banda? Parece-me um sinal claro de que, infelizmente, a música alternativa em Portugal dá poucas garantias de subsistência…
O Daniel é alguém que considero muito dotado e com uma capacidade de percepção musical muito grande, mas com o aumento do seu trabalho e da popularidade com os Ultra Sound Studios, nos quais nos incluímos, foi-se tornando cada vez mais difícil dedicar-se à banda. Penso que ele está numa fase de construção de imagem que não pressupõe mais disponibilidade para além daquela que tem actualmente fora do seu âmbito como produtor. Ensaiar tornou-se bastante difícil e chegámos à conclusão de que seria melhor partir para outra opção favorável a todos. Felizmente que o Marcelo é um autêntico prodígio e a única conclusão que tirámos até ao momento é a de que estamos felizes por ter alguém como ele a tocar connosco. Quanto ao Daniel, penso que a imagem dele no futuro irá fazer justiça à sua qualidade enquanto músico e produtor.

O que vos ia na alma para escrever “October Dawn”? Uma melancolia acrescida?
Não penso que o “October Dawn” seja mais melancólico do que o “Isohyet”. O que poderá ter acontecido é a sua temática ser mais intensa por ser mais pessoal do que a contida em “Isohyet”. Quando escreves algo mais pessoal penso que todos irão identificá-lo como mais melancólico mas em termos sonoros não penso que seja mais melancólico. Será sim mais alternativo nalguns aspectos.

Na génese dos Oblique Rain estará a ingenuidade habitual das bandas em início de carreira ou pela vossa maturidade já sabiam até certo ponto que iriam vingar?
Penso que a única certeza que uma banda tem em início de carreira é a sua música e é nesta em que confia de forma quase cega… até ao momento em que se começa a ser criticado em reviews! Acho engraçado e não tenho a certeza de que o mesmo se passa com todas as bandas, mas à medida que vais crescendo na popularidade vais mantendo a confiança mas passa a ser mais difícil definir se aquilo que escreves é o ideal para o projecto, ou seja, se continuas a escrever mas não te queres repetir, continuas a compôr mas acabas por seleccionar muito mais do que se fosse há algum tempo atrás. Daí a dificuldade de manter uma banda no seu máximo rendimento! Na génese de Oblique Rain está a maturidade por saber apreciar e comparar a nossa música com outros mas sem dúvida que éramos muito ingénuos... Mas o que é a vida de uma banda sem ingenuidade?!

Já nos disse que o feedback a este novo álbum tem sido muito positivo.
Até ao momento bastante positivo, não temos qualquer tipo de razão de queixa. As reviews internacionais têm feito justiça ao trabalho e dedicação que tivemos com o processo deste album.

Há uma atenção diferente da de Portugal vinda de países estrangeiros em relação à banda? Fará sentido aplicar-vos o ditado: “Santos da casa não fazem milagres”? Sabe, nós portugueses temos a mania de não saber apreciar e tendemos a desprestigiar aquilo que se cria em território nacional. Basta compararmo-nos com o nosso vizinho espanhol para perceber que o orgulho nacional não é tão intenso como noutros países, exceptuando talvez em relação ao futebol e à gastronomia [da qual sou grande apreciador] em que pensamos que somos os melhores do mundo. No caso da música é uma pena ainda não se dar o devido valor ao que se faz por cá. As bandas têm de construir reconhecimento nacional à custa da afirmação vinda de fora para depois serem vistas de outra forma cá. Mas penso que lentamente a figura começa a mudar, começando pela imprensa que, sem dúvida, dá um enorme apoio nesse aspecto!

Há algum mercado em que tivessem particular interesse em se expandir? Será que no fundo sentem que o vosso som não é talhado para o público nacional ou ainda é muito cedo para esse tipo de “queixas”?
Sim, existem dois mercados onde penso que iríamos funcionar bastante bem: no inglês, por termos algo de prog britânico nos nossos genes, e no americano, por o nosso tipo de gravação ser algo “in you face” muito ao gosto da captação local. O inglês penso ser um objectivo nosso a curto-médio prazo.

Para já têm apenas duas datas agendadas. O que se antevê para os próximos tempos a esse nível?
Para já estamos a acabar a gravação daquele que será o nosso primeiro videoclip que tentaremos promover tanto a nível nacional como internacional. A nível de concertos a intenção será promover o mais que pudermos o novo álbum passando por festivais e tentar a internacionalização da banda, o que acho ser um factor vital para o nosso desenvolvimento e afirmação.

Nuno Costa

Cryptor Morbious Family - Primeiro álbum é editado nos Estados Unidos

“HYpnotic Way To Hurt” é lançado nos Estados Unidos a 8 de Fevereiro pela Beneath The Fog Productions, com a faixa bónus “Painful Rebirth”, extraida ao primeiro álbum da banda, como bónus. Enquanto isso a banda de metal industrial alentejana já tem agendadas datas para 23 Janeiro, 5, 6 e 27 de Fevereiro e 6 e 13 de Março entre localidades como Faro, Portimão, Aljustrel, Sintra e Elvas. Mais informações aqui.

Versus Magazine - Edição #6 disponível

Está já disponível a primeira edição de 2010 da Versus Magazine, revista portuguesa online que desta feita tem como destaque nas suas páginas as bandas Kid Liberty, Ressurection, Hills Have Eyes, Solid, Echidna, Don’t Disturb My Circles, Haven Denied, Coldfear e M.O.R.G.. Pode fazer download gratuito da revista aqui.

Gwydion - Revelam nome e data de lançamento de novo álbum

Chega-nos a 9 de Abril o segundo disco dos lisboetas Gwydion. Intitula-se “Horn Triskelion” e será editado novamente pela SMP/Trolzorn Records. A banda de viking/folk metal recorreu aos préstimos de Fernando Matias [f.e.v.e.r.] para a captação e produção deste trabalho, que decorreu nos Insect Studios em Portugal, e a Borge Finstad [Arcturus, Mayhem, Borknagar] para a mistura e masterização nos Toroom Studios na Noruega. Já o artwork do disco foi requisitado a Jan Yrlund [Týr, Korpiklaani, Stratovarius]. Em termos de concertos a banda tem já garantidas quatro datas entre Janeiro e Julho em que se destacam as da República Checa [3 de Abril] e do Reino Unido [17 de Julho]. Por cá é já no próximo sábado que a banda ruma ao Via Latina, em Coimbra. A 7 de Fevereiro há nova dose desta feita no Side B, em Benavente.

Unbridled - Tour continua hoje

Os Unbridled continuam hoje a promover na estrada o seu álbum de estreia, “Deathcore Glamour”, lançado no final do ano passado pela Hard As Hell Records. Será no Rytmo Y Compas, em Madrid, que a banda de Viseu actuará com os nossos vizinhos Thirteen Bled Promises e Inbred a partir das 20h00. Já a 22 e 23 deste mês passam, respectivamente, pelo Metal Point, no Porto, com os Fall Of Man, Suffochate e Inbred e pelo Estudantino Café Bar, em Viseu, com os Processing Cut Mode e novamente Suffochate e Inbred. De resto, para já está agendada apenas mais uma data a 2 de Fevereiro no A.D.A.C., em Pombal, no festival In Metal We Trust onde marcarão presença os Darkside Of Innocence, Hate Disposal, Straight Beyond Last, Division.

Led On - Tributo a Led Zeppelin esta sexta

São portugueses e prestam homenagem aos históricos Led Zeppelin na próxima sexta-feira no Cabaret Maxime [Praça da Alegria], em Lisboa, a partir das 23h30. A banda é composta por Alexandre Frazão, Zé Nabo, Manuel Paulo, Mário Delgado e Paulo Ramos. O bilhete custa 10€.

Metal Container - Norte gratuito

Arranca na próxima sexta-feira [22 de Janeiro] e pretende dar visibilidade às bandas do norte do país num regime de concertos gratuitos e de regularidade mensal. A primeira sessão do Metal Container – No Ticket Night decorre no Barco Gandufe, Porto Rio, a partir das 22h00, e oferece uma noite com os Solid, The Walking Dead e Cape Of No Hope. Ainda depois dos concertos o DJ JMR da revista Loud! animará as hostes. À condição está o consumo obrigatório de uma bebida.

Friday, January 15, 2010

Metallica - Nova data em Portugal

Visto ter esgotado a data de 18 de Maio para o espectáculo dos Metallica no Pavilhão Atlântico, a Everything Is New e a banda californiana acordaram agendar uma nova data para 19 de Maio. Assim os fãs portugueses terão mais uma oportunidade de ver os The Four Horsemen na sala lisboeta num espectáculo de características únicas com um palco de 360º montado no centro do recinto. Os bilhetes estarão à venda nos locais habituais a partir do próximo sábado a valores entre os 35€ e os 50€.

Wednesday, January 13, 2010

Entrevista Dying Fetus

REALIDADE DEPRAVADA
“O sistema económico é o que é... uma porcaria”

Continuam a ser das bandas mais importantes do death metal actual e até das mais particulares. Do passado grindcore, à forte mensagem intervencionista, passando pelo death metal recheado de groove e breakdowns que influenciou determinantemente o deathcore, concretamente com o álbum “Destroy The Opposition”, os Dying Fetus continuam em grande forma 18 anos após a sua formação como comprova o novo “Descend Into Depravity”. E o principal responsável por essa força e vitalidade é John Gallagher, vocalista e guitarrista da banda de Maryland, que acedeu a falar-nos deste regresso... pouco antes de sabermos que marcariam presença no próximo SWR Barroselas Metal Fest.

Poderiamos facilmente dizer que este é o vosso álbum mais complexo e técnico até à data. O que o poderá ter tornado assim?
Obrigado pelo elogio. Eu acho que cada um de nós coloca muita pressão sobre si de forma a ajudar a criar um álbum devastador. Praticamos, aprendemos novas técnicas e refinamos os nossos próprios talentos para atingir um produto de que todos nos orgulhamos. Sabíamos que este ia ser o nosso melhor álbum assim que começámos a compor. Estamos felizes por este ter correspondido às nossas expectativas, dos fãs e dos críticos.

Compor com apenas uma guitarra tornou a tarefa mais difícil?
Há bastante tempo que sou o principal compositor dos Dying Fetus. Já o Mike [Kimball] escrevia as letras até sair… mas não tem sido diferente ou mais difícil.

Como têm feito para preencher a falta de um segundo guitarrista ao vivo?
Na maioria das vezes, nada. Costumo tocar sozinho, mas às vezes uso dois equipamentos de guitarra - um com delay e outro normal - e assim eu posso desligar o que tem atraso durante os solos e ligá-lo novamente quando a banda regressa à acção.

Talvez já chegaram à conclusão de que trabalhar com uma equipa pequena é melhor…
Sim, pode haver uma redução de conflitos quando há menos pessoas envolvidas. Como banda, sempre tirámos partido das capacidades de todo e qualquer membro dos Dying Fetus. Artisticamente, é importante que todos estejam a ler a mesma “página do manual”, enquanto continuam a contribuir com as suas ideias para o projecto. Se nos mantivermos assim estaremos em grande forma.

Então que coisas “estranhas” podem ter levado à saída de uma série de músicos de uma banda tão importante como os Dying Fetus?
As pessoas tomam as suas próprias decisões com base no que se passa nas suas vidas. Não existiram coisas estranhas ou acontecimentos “loucos” a desencadear separações. As nossas metas e maneiras de ver as coisas, pessoal e profissionalmente, é que mudaram com o tempo. A solução está em saber lidar com essa situação.

Em relação à música deste novo trabalho, diria que andou a ouvir bandas de thrash em pleno processo de composição. Terá sido assim?
Eu ouço thrash, nomeadamente Dark Angel, Sacrifice e Kreator. Há tanto que se pode fazer quando se escreve um disco de death metal. Nós gostamos de incorporar sons e estilos diferentes de thrash, usar o groove, o slam, o tecnicismo e a brutalidade. Este podia ser considerado um álbum mais diversificado, mas talvez apenas da perspectiva de que fizemos um álbum mais “in your face” em termos de composição e gravação.

São também conhecidos pela vossa mensagem política e intervencionista. Desta vez o que vos inspirou a escrever as letras?
Depois do Mike ter saído o Sean Beasley assumiu a escrita das letras. Eu e o Trey apenas demos umas dicas aqui e ali. Quanto ao conteúdo lírico não aborda a política de algum modo. Fala apenas de violência, o quão doentia é a realidade e a humanidade de hoje, etc.

Voltaram a produzir um disco vosso. Sentiram que a experiência vos facilitou o trabalho?
Fizemos pré-produção no Cell Block Studios e já tínhamos o álbum totalmente escrito quando entrámos nos Wright Way Studios, onde a produção final foi feita. Nós não fizemos nada de diferente durante o último processo de gravação. O que fizemos foi apenas tirar partido do material para os nossos instrumentos e amplificadores. Estávamos, sobretudo, centrados na criação do melhor álbum dos Dying Fetus. O resultado deixou-nos muito satisfeitos.

Ainda procuram inovação, tanto em termos de gravação/produção como de composição ou estão já conscientes de que têm a sua marca e não há qualquer necessidade de mudar?
Tentamos melhorar sempre que podemos. O nosso som terá sempre a marca dos Dying Fetus; o groove e a brutalidade. Todos fazemos esforços para aprender e aperfeiçoar as nossas técnicas. Para além disso, trabalhar com o fenomenal produtor Steve Wright impulsionou o nosso rendimento e a capacidade de chegarmos mais longe individual e colectivamente. O tecnicismo neste novo álbum é impressionante.

Imagino que façam algum esforço para tentar não gravar o mesmo álbum repetidamente, como acontece alegadamente com os AC/DC, por exemplo?
Nós tentamos manter-nos como uma banda fresca e sempre à procura de inovar. Apresentamo-nos em cada espectáculo sempre como se fosse o nosso primeiro. Nunca perderemos a vontade de mudar as coisas e expandir os nossos talentos na condição de fazer boa música. Sabendo-se que no death metal há tanto que pode ser feito, então é uma questão de incorporar diferentes estilos para nos conseguirmos distinguir entre a multidão.

Pode dizer-se que se sentem como em 1991?
Nós nunca perdemos a união e dedicação. Sem isso, não seríamos nada. Posso garantir que ainda mantenho o mesmo entusiasmo e devoção que tinha em relação aos Dying Fetus quando estes ainda não passavam de uma ideia na minha cabeça.

Alguma vez imaginou chegar até aqui com os Dying Fetus, embora ainda não tenha conseguido comprar um avião para as digressões?
Não sei se alguma vez me questionei se os Dying Fetus estariam no activo em 2009 ou 2010. A verdade é que a nossa união e o apoio dos fãs mantêm-nos onde estamos. Mas acho que precisamos de um avião! [risos]

Essa conversa fez-lhe pensar em capitalismo?
Eu realmente deixei de prestar atenção a isso. O sistema económico é o que é... uma porcaria, mas continua lá. Da nossa parte, queremos apenas continuar a fazer o que gostamos: música.

Maryland tem também uma estreita relação histórica com a guerra da independência americana. Seu exército era muito conhecido e elogiado. Sente ter herdado um espírito guerreiro?
Não...

Concorda com uma maneira drástica de lidar com as diferenças intelectuais, religiosas e económicas entre as pessoas? Refiro-me a guerras, concretamente.
"A guerra… é fantástica"! Agora a sério: eu não concordo nem discordo. Alguns acontecimentos que decorrem das ditas diferenças podem ser demasiado ignorantes ou extremos, mas eu não sou responsável por isso. Todavia, quando tudo falhar que comece a chacina…

Voltando aos Dying Fetus, como decorreu a vossa [intensiva] digressão norte-americana? Passaram por Las Vegas e Hollywood… Aconselham as pessoas a irem lá passear?
Terminámos recentemente a Planetary Depravity Tour com os The Faceless, Beneath The Massacre e Vital Remains. Esse foi um período muito bem sucedido. Sim, Las Vegas e Hollywood são sítios muito porreiros e temos sempre grande apoio dos fãs nessas cidades… aliás, como em todo o sítio. Nós admiramos muito os nossos fãs. Vale sempre a pena por eles.

Quais são as vossas prioridades para os próximos meses?
Viajar até à Europa para encabeçar a Thrash And Burn Tour com os Origin, Beneath The Massacre, Revocation e Man Must Die. Esta digressão terá início a 9 de Abril de 2010 e vai durar sensivelmente um mês.

Nuno Costa

Loud! - #107 na gráfica

Já está na gráfica a edição #107 da revista por excelência do metal nacional. Em grande destaque este mês estão os israelitas Orphaned Land que estão de regresso com um novo disco, “The Never Ending Way Of OrwarriOR”, onde se inflecte sobre a diversidade de religões no mundo e sua inter-relação. O rol de entrevistas fica completo com as conversas com Rage, Throwdown, Fear Factory, Isis, Aosoth, Backyard Babies, Mustasch, Transatlantic, Mnemic, Gama Bomb, Keelhaul, Arsis, Troll, Impious, Manegarm e Portal. Como habitual, Janeiro é o mês dos balanços e em seis páginas poderão ver a escolha dos melhores do ano transacto segundo o staff da revista e seus leitores. A secção de críticas aborda, entre outros, as mais recentes propostas de Amenra, Cage, Cave In, Dark Fortress, Dream Evil, Factory Of Dreams, Fear Factory, Gama Bomb, Genitorturers, Ihsahn, Impetuous Ritual, Impious, Katatonia, Madder Mortem, Onirik, Orphaned Land, Overkill, Suffocation e Troll. No “terreno”, a Loud! reporta os acontecimentos no Vimaranes Metallvm Fest III, Invicta X-Massacre e Silent Night – Christmas Metal Fest, assim como os concertos de Nile, Arch Enemy, Jello Biafra e a apresentação ao vivo do disco de estreia dos lisboetas Laia. São ainda resenhados os novos DVD’s de 36 Crazyfists e Obituary e nos Tesourinhos Pertinentes o destaque vai para “Into Darkness” dos Winter. Palavra ainda para as reedições de Drudkh e The CNK. Estes e muitos outros assuntos a não perder brevemente.

Scorpions - DVD pela Amazónia

No dia 25 de Janeiro estará disponível “Amazônia – Live In The Jungle”, o novo DVD ao vivo dos germânicos Scorpions que tem também o objectivo de sensibilizar as pessoas a pararem com a desflorestação da Amazónia, “o maior pulmão do mundo”. Inclusive, os royalties dos exemplares desta edição vendidos predominantemente no Brasil e México reverterão a favor de projectos encetados pela Greenpeace Brasil. Em termos de conteúdo musical, este lançamento reporta o concerto da banda liderada por Klaus Meine em 2008 em Recife e em 2007 em Manaus, a metrópole do próprio rio Amazonas. Foi ainda numa dessas alturas que a convite de comissários da Greenpeace os Scorpions foram levados a sobrevoar a floresta amazónica para terem uma noção da gravidade do problema ambiental naquele local, onde já cerca de duas vezes a área da Alemanha foi destruida. Este vôo de três horas está também incluido nesta edição.

Seven Stitches - Próximas datas e novo álbum

Depois de uma prolongada paragem, os Seven Stitches regressam aos palcos já na próxima sexta-feira no âmbito do Warm Up para o Moita Metalfest, a ter lugar no In Live Caffe, na Moita, pelas 22h30, ainda com a presença dos Switchtense, Pitch Black e Contradiction [Ale]. Volvidos dois dias, rumam à Casa de Lafões, em Lisboa, para participar no Metal Attack Fest com os The Ransack e novamente com os Contradiction, a partir das 16h00. Para Fevereiro estão reservadas já duas datas: a primeira no dia 13 no Thrash Till Death 3 na Junta de Freguesia de Panoias, em Braga, com os Echidna, Switchtense, Pitch Black, Coldfear, entre outros, a partir das 17h00; a segunda a 27 no Velha Guarda Metalfest 3 no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, ao lado de Crushing Sun, Switchtense, Hacksaw, Angriff, My Enchantment, Drakkar, entre outros, a partir das 15h00. Nestes espectáculos a banda oriunda de Grândola aproveitará para apresentar os temas do seu álbum de estreia, “When The Hunter Becomes The Hunted”, a lançar no primeiro trimestre deste ano.

Tuesday, January 12, 2010

Review

ANGMAR
“Zurück In Die Unterwelt”

[CD – Ketzer Records / Konklav Records]

A ascensão dos Blut Aus Nord pode ter servido de motivação para os Angmar mergulharem numa sonoridade black metal de estrutura progressiva e épica. Mesmo assim, esses conterrâneos franceses mantêm perfeitamente as suas identidades. Contudo, na forma como ambos os grupos obedecem aos mandamentos do black metal e o conseguem transpor para o século XXI, com construções ora introspectivas e melancólicas, ora carregadas de ódio e agressividade, fazem destes dois grupos propostas onerosas do black metal francês, cada um de gerações bem diferentes.

Os Angmar formaram-se em 2002 pelo vocalista/guitarrista Hemreich e desde então lançaram mais uma demo [“Aux Funérailles Du Monde” que fez split com os Alcest] e um disco [“Metamorphosis”] que, por sinal, era bem mais directo e pesado. Desde então têm tentado levar longe a sua palavra, o que num cenário musical como este pode levar muito tempo. Contudo, já partilharam palcos com colectivos importantes do cenário black metal europeu como os Enslaved, Kampfar, Negura Bunget e até os nossos Corpus Christii. Porém, apesar do seu estatuto “subterrâneo”, conseguimos vislumbrar um lugar interessante nas “trevas” este trio, já que o seu trabalho transpira honestidade e tem toda a aura e sentimentos que se pretendem de um disco de black metal.

“Zurück In Die Unterwelt” perfaz quase 70 [?] minutos claustrofóbicos de música resgatada ao lado mais negro e depressivo do ser humano. [8/10] N.C.

Estilo: Post Black Metal

Discografia:
- “Aux Funeráilles Du Monde” [Demo 2003]
- “Metamorphosis” [CD 2005]
- “Zurück In Die Unterwelt” [CD 2009]

www.angmar-fr.com

Gwydion - Em Coimbra

Os máximos representantes do folk/black metal nacional actuam no dia 23 de Janeiro no Via Latina, em Coimbra. O concerto começa às 23h00 com as actuações dos Triba e Tales For The Unspoken. O ingresso vale 6€.

Rock In Rio - Um quarto de século cumprido

Foi entre 11 e 20 de Janeiro de 1985 que aconteceu na Barra da Tijuca, que divide o bairro de Jacarepaguá, a primeira edição daquele que é, por muitos, considerado o maior festival do Mundo. Da mente do empresário Roberto Medina surgiu um projecto que marcaria para sempre o conceito dos grandes festivais e que registou sempre números impressionantes. A primeira edição do evento possuia o maior palco [5 mil metros quadrados] construído até então e a “Cidade do Rock” [uma área com 250 mil metros quadrados] foi capaz de albergar grandes superfícies de fast food, dois centros comerciais com 50 lojas, dois centros de atendimento médico e várias outras infra-estruturas planificadas para atender perto de um milhão e meio de pessoas. O festival viria a ter mais duas edições no Brasil [1991 e 2001] antes de ser “exportado” para Lisboa [2004, 2006, 2008] e Madrid [2008]. O sucesso do evento manteve-se aliando-se ainda a um simbolismo humanitário, em 2001, quando abriu a sua edição com cinco minutos de silêncio cumpridos por centenas de rádios e televisões.

O Rock In Rio é um simbolo mediático da música rock e popular que continuará a fazer as delícias de todos já nas próximas edições que se avizinham [2010 em Portugal e Madrid]. Em termos de curiosidades de "bastidores", talvez o facto de Medina ter hipotecado o prédio da sua agência para começar a contratar artistas seja uma das mais relevantes. Quanto aos artistas, os AC/DC viram o seu sino de 1500 kg ter que ser substituido à última da hora por um de gesso, já que a estrutura do palco não aguentava; os Iron Maiden tiveram na edição 2001 do festival a sua maior plateia de sempre [250 mil pessoas]; Ozzy Osbourne que havia arrancado à dentada a cabeça de um morcego num concerto em 1982 teve que obedecer a uma cláusula que o proíbia de maltratar qualquer animal em palco, resguardando-se a organização de quaisquer problemas com a Sociedade Protectora dos Animais. Também o concerto de Ozzy ficou marcado pelo solo sem baquetas de Tommy Aldridge. Ainda uma das maiores polémicas do festival foram as acusações de que Britney Spears não cantava ao vivo. A situação foi esclarecida com o argumento de que Britney não conseguia cantar devidamente em simultâneo com as imensas coreagrafias e recorria, por isso, a uma “base pré-gravada” de sua voz.

Jimi Hendrix - Disco de inéditos lançado em Março

Intitula-se “Valleys Of Neptune” e contém 12 faixas inéditas da autoria de Jimi Hendrix gravadas em 1969, entre a gravação de “Electric Ladyland” e a abertura dos seus estúdios Electric Lady Studios. São estas as últimas gravações de estúdio originais da The Jimi Hendrix Experience que a Experience Hendrix LLC e a Legacy Recordings da Sony Music Entertainment lançarão no dia 8 de Março. Para além deste lançamento, estarão disponíveis na mesma data várias edições de luxo em CD/DVD e vinil da discografia essencial de Hendrix. Será também no referido mês que se realizará a quarta Experience Hendrix Tour, uma digressão bienal de concertos de homenagem a Hendrix e que conta com várias personalidades ilustres como Joe Satriani, Eric Johnson, Jonhy Lang e Kenny Wayne.

Monday, January 11, 2010

Review

OBLIQUE RAIN
“October Dawn”
[CD – Major Label Industries]

Quando há mais do que um simples jeito para se tocar e compor, não há forma de nos equivocarmos em relação à qualidade de um trabalho. Salta-nos tudo à cara. Quase nos apetece usar a célebre frase publicitária: “o algodão não engana”, com a diferença de que aqui a pureza tem trejeitos sombrios e crepusculares. Este segundo álbum vem simplesmente comprovar o que quase ninguém tinha dúvidas: os Oblique Rain são uma das mais excitantes e promissoras bandas do actual panorama alternativo nacional.

Para os que ainda os desconhecem, para além de correrem um sério risco de ficarem “out”, estão certamente a perder uma deliciosa e viciante viagem progressiva com origens na genialidade de bandas como Katatonia, Porcupine Tree e Opeth, estando salvaguardado um exercício muito honesto de criação e não uma reles reciclagem de influências. Neste regresso a banda apresenta-se mais melancólica, até como propõe o próprio título do disco. Porém, mantêm uma “luz” encantadora e tranquilizante. Não há depressão.

Estruturalmente, “October Dawn” é muito equilibrado. Todos os temas têm momentos que os tornam memoráveis, isso graças a uma grande inteligência e perspicácia na altura de escrever estes nove temas. A humildade também pode ser um factor que nos seduz neste trabalho, sendo que havendo aqui excelentes executantes não há exageros técnicos, mesmo sem deixarem de dar um ar da sua graça. Tudo gira, sobretudo, em volta do ambiente e da melodia, alguns rasgos de peso bastante densos, e uma filosofia de composição onde tudo se desenrola no tempo certo e nas medidas exactas. As harmonias vocais aqui apresentadas são igualmente hipnotizantes e não faltarão também os leads de guitarra a colarem-se aos nossos ouvidos.

Já havia sido dito, mas fazemos questão de sublinhar: “October Dawn” é, facilmente, um dos melhores discos alguma vez editados em Portugal. [9/10] N.C.

Estilo: Prog/Dark Metal

Discografia:
- “Isohyet” [CD 2007]
- “October Dawn” [CD 2009]

www.obliquerain.com

Live Zone

Isis / Circle / Keelhaul
29.11.09 – Teatro Sá da Bandeira, Porto

Mais uma noite de música no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, pese embora com atraso de uma hora e meia devido a motivos alheios à organização e às promotoras do evento. Os Keelhaul iniciaram o seu poderoso concerto; um constante debitar de energia por graça de um sludge metal bastante apelativo. O público mostrou-se satisfeito com o quarteto de Cleveland que apresentou o seu mais recente trabalho, “Triumphant Return To Obscurity”. Salvou-se ainda uma excelente atitude em palco. Tiveram alguns problemas no som no início do concerto que foram resolvidos com o passar do tempo. Mesmo assim, foi uma actuação coesa.

Depois disso, eis a grande surpresa da noite: os finlandeses Circle liderados por Mikka Ratto. Para a maioria do público praticavam um som completamente desconhecido... O vocalista este sempre muito comunicativo, super extrovertido e muito teatral. Excelente performance. Uma banda a seguir atentamente.

Os Isis entraram em palco tocando “Hall Of The Dead”, primeira faixa do seu mais recente álbum, “Wavering Radiant”. Uma fantástica e mágica viagem para a qual o quinteto norte-americano nos transportou. O concerto continuou com “Stone To Wake A Serpent”, revisitando “In The Absence of Truth”, de 2006, com o tema “Dulcinea”, passando ainda por “Backlitt” do disco “Panapticon”, de 2004.

A plateia mostrava-se completamente rendida e absorvida pelo ambiente criado à volta do tema “Threshold Of Transformation” seguido de um “obrigado” de Aaron Turner. Aplaudida efusivamente, a banda regressou para um encore em que tocou Carry” e “Altered House”, fechando em beleza. Um concerto memorável com um excelente som na sala. Faltou apenas um pouco mais de interacção com o público.

Miguel Ribeiro [texto]
Paula Martins [fotografia]

Dark Wings Syndrome - Álbum de estreia em 2010

Os vimaranenses Dark Wings Syndrome estão de volta e a gravar o seu primeiro álbum. Após um interregno de dois anos, a banda criada por Barros Onyx ganha novo fôlego com as entradas de Carlos Barros para a bateria, Tiago Machado para a guitarra e Rui Ferreira para o baixo e teclas. Entretanto, está já disponível no seu Myspace o tema “Hatred/Ódio”, pré-produzido, deste primeiro trabalho que contará com várias participações nacionais e internacionais. Musicalmente, pode esperar-se uma fusão de World Music com Rock mais pesado.

Switchtense - Próximas datas

Apesar de decorrer há quase um ano, a Confrontour continua a registar novos capítulos. São já seis as datas confirmadas pelos Switchtense para os próximos meses em território nacional, com outras ainda por anunciar. São elas: 15 de Janeiro na Moita; 6, 12, 13 e 27 de Fevereiro em Vagos, Cacilhas, Panoias e Porto, respectivamente, e 13 de Março em Vieira do Minho. Mais informações em www.myspace.com/switchtenseportugal.

Darkside Of Innocence - Encontram novo guitarrista

David é o novo guitarrista dos Darkside Of Innocence. O músico vem assim substituir Paulo Roque que abandonou a banda no ano passado. Segundo esta, “melhor seria muito difícil de encontrar, pois [David] vai plenamente ao encontro de todos os critérios a que nos propusemos e mostra-se um músico com imenso talento por explorar”. Talvez por isso a banda se sinta extra motivada para prosseguir o trabalho de composição do seu novo disco. O grupo garante já ter alguns “esqueletos” para alguns temas e tem praticamente definido o conceito e título do mesmo. Enquanto isso a banda vai continuar a pisar os palcos. Nos dias 6 e 12 de Fevereiro actuam In Live Caffe, na Moita, com os Opus Draconis [mais duas bandas por confirmar], e no ADAC, no Pombal, com os Hate Disposal, Straight Beyond Last e Division, respectivamente. Já a 5 de Maio o grupo vai a Pernes [Santarém] para actuar no Rock da Velha com os Kathaarsys [Esp].

Miss Lava - Primeiro disco disponível internacionalmente

É lançado hoje em todo o mundo pelo iTunes, Amazon Digital, Napster, Rhapsody e Spotify o primeiro disco dos nacionais Miss Lava, “Blues From The Dangerous Miles”. Enquanto isso, a banda já prepara um segundo videoclip a produzir pelo alemão Joerg Steineck, tido como uma referência no meio stoner rock pelo seu trabalho no documentário “Lo Desert Sound”, do qual fizeram parte membros dos Queens Of The Stone Age, Unida e House Of Broken Promises. .

Saturday, January 09, 2010

W:O:A Metal Battle Portugal - Arranca hoje

Decorre hoje no Dinaamo, em Panoias [Braga], pelas 21h00, a primeira eliminatória do W:O:A Metal Battle. Serão avaliadas nesta ronda os Atomik Destruktor, Coldfear, Decrepidemic, Suffochate e Urna. Depois do espectáculo, António Freitas [Sic Radical / Antena 3] animará a noite na mesa de som. O bilhete custa 5€ [com oferta de uma bebida no after-party].

Thursday, January 07, 2010

Infected Nations Tour 2010 - Nova geração thrash em Corroios

Aproxima-se a vinda dos Evile, Warbringer e The Fading a Portugal. A 6 de Fevereiro alguns dos principais novos representantes do thrash visitam o Cine-Teatro de Corroios. No caso dos Evile há, naturalmente, a curiosidade sobre o seu novo álbum, “Infected Nations”, e novo baixista [que substitui Mike Alexander, falecido no final do ano passado de doença súbita]. Já para os Warbringer será uma oportunidade para confirmar o seu potencial depois de uma actuação positiva no mesmo local em Maio do ano passado. Quanto aos The Fading, será a primeira vez que veremos actuar em Portugal o vencedor do W:O:A Metal Battle 2008, vindos de um país pouco “provável” [Israel]. Os bilhetes já estão à venda nos locais habituais por 16€ [venda antecipada] e 18€ [venda no dia].

Tour Report II

CILICE
"Havia caixas de ovos nas paredes de cima a baixo"

05/10/2009 - Segunda-feira

Dia inteiro em viagem. Destino: Tallinn, capital da Estónia. Temos a escolher entre duas direcções: São Petersburgo e as suas boas estradas, mas tendo que atravessar o infernal posto de fronteira, ou a cidade de Pskov, passando por zonas onde o asfalto ainda está por inventar. Talvez façamos um próxima digressão numa caterpillar! É que ainda nos facilitava a passagem nas fronteiras. A escolha é óbvia.

Tempo chuvoso, paisagem rural verde-amarelada e montanhosa - um cenário outonal. Passamos por vilas de agricultores onde há maçãs à venda empilhadas ao alto ao longo da estrada. Aproximamo-nos do tráfego. Vem de frente um veículo com os faróis a piscar - polícia. Abrandamos o andamento.

Glórias do passado... realmente tudo aqui está em estado decadente. As habitações, na sua maioria feitas de madeira com telhados de zinco, estão em colapso. O amarelo, verde e azul parece pálido e claramente a precisar de uma pintura. Um emaranhado de tubulações aéreas atravesssam aldeias e cidades. Pobres fábricas de aço, ferrugentas e escurecidas. Os apartamentos nos subúrbios estavam inclinados. Os carpinteiros foram, provavelmente, russos bêbedos. Não acredito que não soubessem nada sobre níveis.

Entretanto, são 22h00. Vamos em direcção à fronteira no meio do escuro e do frio. Gastamos os últimos rublos em combustível. Pelo quarto do preço que pagamos normalmente, é um bom motivo para voltarmos nos próximos anos.

Posto fronteiriço #1: Preencher os habituais formulários, abrir o capot, cães da "droga" novamente. No checkpoint seguinte: passaportes e visas conferidos com muito cuidado.

Uma hora mais tarde encaramos a fronteira com a Estónia. Esperávamos que nos exigissem a quantidade de cigarros e bebidas que trouxemos [apenas algumas garrafas de vodka]. A perspectiva de uma carrinha lotada fez o guarda pensar imediatamente: "Passem"! Wow, foi realmente rápido, demorou apenas uma hora e meia. Chegamos a Tallinn às 00h00. É momento de encontrar sítio para ficar.

06/10/09 - Terça-feira

Pela manhã eu e o Matthias exploramos Tallinn. A velha cidade é cercada por muralhas da cidade antiga e é popular entre os turistas pelas suas torres medievais, velhas casas de comércio e armazéns. Também existem casas de câmbio em todo o lado. Coroas de euros, café e bolos.

De regresso à carrinha, encontramos o resto do pessoal acordado. Preparamos uma Bloody Mary. Lá se vai o presente que ia dar em casa - uma garrafa de vodka. Muito saborosa. O Phillip perdeu o seu casaco. Depois de examinarmos um pouco chegamos à conclusão de que foi roubado. O vidro da carrinha estava provavelmente demasiado aberto e fomos roubados enquanto dormiamos.

Chegamos ao Follow Your Dreams Studios. Um clube? Não, um complexo de salas de ensaio. Chamamos o promotor de serviço. É o nosso último concerto na Estónia e ele garante-nos muito público. Ok, vamos continuar. O espaço era quadrado. Havia caixas de ovos nas paredes de cima a baixo. Fizemos um pequeno teste de som e tudo soa bem. À hora do espectáculo o espaço fica cheio. Entretanto, o Phillip e o Remko mudam o pneu esquerdo traseiro da carrinha.

Chega então a nossa vez de actuar - um math metal instrumental com samples industriais ou algo parecido... Foi um concerto e pêras. Depois disso, travamos conversa com muitas pessoas e com o nosso entusiástico promotor. Seguiu-se o habitual: autografar posters e autocolantes. Entretanto, acontece o inesperado: surgem dois polícias. Ao fim de meia-hora abandonam o local.

Ao fim da noite, o espaço de ensaios dá agora lugar ao nosso "hotel". Sacos-cama, colchões entre os amplificadores, acompanhado de Tom Waits no iPod, uma luz suave, um ambiente relaxante. Boa noite.

07/10/09 - Quarta-feira

Depo, Riga, Letónia. De manhã bem cedo ouvimos o “estrondo” de guitarras vindo de uma das salas de ensaio. É hora das despedidas. Tomamos o pequeno-almoço num centro comercial: galinha e pão. Era o dia de aniversário do Matthias; damos-lhe os parabéns! Brindamos com vodka e sumo de tomate – um paladar “perigoso”.

18h00, Riga. Chegamos. É uma cidade com 800 mil habitantes. É a maior cidade dos Balcãs. Neste caso, sabemos bem o caminho. Já cá estivemos quatro vezes. O clube Depo fica mesmo no lado oposto da rua onde se encontra a nossa residêncial. Tomamos um duche. Estávamos mesmo a precisar.

Depois disso reunimo-nos com os nossos amigos dos Lassie The Cat, banda de metal técnico. Mais bandas estão no nosso alinhamento de suporte. Todas dão grandes espectáculos. A casa está cheia, vêem-se muitos fãs que chamam pelo nosso nome. Para muitos a questão impõe-se: onde está o nosso vocalista? Bom, nós teríamos adorado se ele tivesse vindo. “Problemas familiares no centro da decisão”, explicámos. Os Cilice não cancelam digressões. Acho que merecemos respeito por essa atitude. Pude ver-se mosh violento do princípio ao fim do concerto. Os nossos posters e autocolantes iam desaparecendo rapidamente, bem como o conteúdo das nossas cervejas. O Matthias deitava-se no banco como um feto. O álcool havia tomado conta dele.

08/10/009 - Quinta-feira

Liepaja, Fountaine Palace. Dormimos umas míseras horas. Reunimo-nos pelas 09h00 para carregar o backline para a carrinha. Agora sim, estou acordado; vamos dar uma volta por Riga. Cidade antiga... prédios monumentais, igrejas, casas de câmbio, turistas. Próximo da estação de comboio existe um mercado gigante coberto. Vê-se carne, peixe, roupa, mendigos, velhotas a vender cuecas e peúgos, etc.

Já em Liepaja, a maior cidade portuária do sudoeste da Letónia. Metade dos seus habitantes são russos. Chegamos ao Fountaine Club. É tarde, não uma das mais ocupadas. Que raios, vamos começar a tocar, o som está excelente. Eventualmente, damos de caras com músicos que foram nosso suporte há cerca de seis meses. Estavam a fazer uma festa e celebramos com eles. No backstage esvaziamos rapidamente uma garrafa de vodka. Fomos também dar uma olhada no Prison Bar: cerveja, miúdas, rock & roll. Merda, tarde de mais. O clube de strip estava fechado.

O Hotel Fountaine tinha estilo. Tinha uma entrada espaçosa, decorada com bom gosto em tons de vermelho escuro e dourado, telhas espanholas, tapetes persas, sofás e esculturas egípcias. As camas eram king-size. Tomamos um duche para não perder a forma. Até amanhã.

09/10/09 - Sexta-feira

Dia de folga. Podemos dormir mais um bocado e relaxar. Para o pequeno-almoço: galinha e lasanha. À noite no Prison Bar: pizza, Led Zeppelin, mulheres nuas, danças de mesa, cerveja e Jägermaister, pessoal doente a dançar bêbedo, rock & roll.

10/10/09 - Sábado

Despedimo-nos do agente Edgar, o anfitrião Louie e sua esposa. Seis horas de viagem até Vilnius, capital da Lituânia, eleita capital da cultura este ano. Vamos a caminho do último concerto desta digressão. Visitamos o BIX, um agradável pub, situado no centro histórico da cidade. Pelas colunas sai britpop. Será possível ouvirmos pop holandês também? Comida e bebida à discrição, fixe! Tivemos um surpresa: a Sabina visita-nos com seus amigos. É uma grande fã dos Cilice. Passámos três noites com ela em Kaunas na anterior digressão, a 150 km de Vilnius.

O concerto corre-nos bem. Pareceu-nos bastente coeso e compacto. Houve alguns interlúdios improvisados, mas foi deliberado. Socializar depois do espectáculo é coisa que nos agrada bastante, mas temos que manter os nossos planos. Conduzimos durante a noite. Esperamos evitar tráfego lento o mais possível, como tractores ou camiões, o que tememos, principalmente na Polónia com as suas longas estradas de um sentido apenas.

11/10/09 - Domingo

De regresso a casa. Não paramos pelo caminho. Por volta das 17h00 já estamos rodeados de estações de serviço, anúncios em neon desesperadamente a tentarem chamar-nos a atenção, placas com o preço dos combustíveis, zonas de camionistas, hotéis, outdoors referenciando clubes de sexo, prostitutas ao longo da estrada... Chegamos à fronteira da Polónia com a Alemanha. Pelas 23h00 chegamos a casa – Amesterdão - ao fim de quase duas semanas fora de casa e 7000 quilómetros percorridos. Terminamos mais uma aventura que valeu bem a pena. Na primavera de 2010 planeamos uma nova digressão por essas bandas.

Theo Holsheimer [Cilice]